segunda-feira, 5 de julho de 2010

Perpetuando a Espécie

Consideremos com que regularidade, com que universalidade, como em quase todos os tempos aparece o sacerdote (ou feiticeiro, ou adivinho, ou homem religioso como preferirem). Ele não pertence a nenhuma raça determinada; floresce em toda parte, brota em todas as classes. Não que ele cultive e propague seu modo de valoração através de heranças: ocorre justamente o contrario, em geral, um profundo instinto lhe proíbe a procriação - veneram a castidade -. Deve ser uma necessidade de primeira ordem, a que faz crescer e medrar essa espécie hostil a vida, essa espécie contraditória que ao pregar a castidade, está pregando a não-vida!!!

O “ideal de vida proposto pelos sacerdotes” (alguns já expostos em posts anteriores) é em si uma contradição. Aqui domina um ressentimento ímpar, busca-se satisfação no malogro, na desventura, no fenecimento, no feio, na perda voluntaria, na negação de si, autoflagelação e auto-sacrifício.

Os sacerdotes tratam a vida como um erro, ou melhor, uma “preparação” para a outra vida. A “imposição” desta concepção errônea da vida tem uma explicação evidente. Eles (os sacerdotes) têm nesse ideal, não apenas sua fé, mas também sua vontade, seu poder, seu interesse, seu direito a existência. Sua existência social se sustenta ou cai com esse ideal.

Mas para de alguma maneira poder existir, ele tinha de crer nele, para então poder representá-lo. Onde foi buscar inspiração essa antinatureza, essa contradição sacerdotal? Naquilo que é experimentado de modo mais seguro como verdadeiro, como real: apontará o erro precisamente ali onde o autêntico instinto de vida situa incondicionalmente a verdade. Rebaixando o corpo a uma ilusão, assim como a dor, a multiplicidade, toda oposição conceitual de “sujeito” e “objeto” – erros, nada senão erros!!!Recusar a crença em seu EU, negar a si mesmo sua realidade. Em nome do Paraíso...

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